sexta-feira, julho 15, 2011

Sala São Paulo

          Hoje fui passear no centro de São Paulo... Poderia ter sido um passeio qualquer... mas não foi.
            A atração principal do dia foi uma visita ao bairro Campos Elisios. É triste ver que o que era planejado para ser uma cópia das ruas de Paris hoje está habitado por viciados em crack e moradores de rua. No meio deste cenário se encontra a antiga Sede da estrada de ferro Sorocabana que hoje é sede da orquestra sinfônica do estado de São Paulo, nomeada de “Sala São Paulo”.
            Porque uma visita a uma sala de concertos pode ser tão comovente a ponto de eu escrever um post? Pra falar a verdade foi tão comovente a ponto de dar um nó na garganta enquanto estava lá dentro. Já vão entender...
            Esta antiga estação foi toda construída com um estilo arquitetônico francês, que adota o estilo neo-clássico. Dentro do edifício é como se entrasse em outra dimensão: pessoas carregando instrumentos, artistas ensaiando, alguns afinando seus violinos, outros tocando concentradamente um pedaço de uma grande obra. Qualquer um que entrasse ali sabia que estava diante de algo grande. Salões gigantescos com um pé direito altíssimo. Vitrais artísticos e pilares antigos. Tudo muito lindo, mas nada se comparava à sala se concertos...
            Bem no centro da estação é onde antigamente ficava um jardim de inverno, com colunas de estilo grego e medidas perfeitas. Foi ali que os arquitetos encontraram um lugar perfeito para ser a sede da Orquestra, só que entre o sonho e a realidade haviam alguns obstáculos... O edificio está situado entre 2 estações de trem e no meio de uma metrópole. E como todos sabemos, para que a apresentação seja perfeita não deve haver um ruído sequer! Para isso deveria ser construído paredes, chão e teto acústicos que não permitissem qualquer entrada de som.
O chão é composto de 3 camadas: concreto, neoprene e mais concreto. Ele foi construído a um nível mais baixo do que o original e uma vez que começaram a escavar havia infiltração de água. Para que a estrutura não cedesse foi necessário retirar a água em uma velocidade muito lenta com bombas de água.
As paredes são construídas de fibras de lã de vidro e não permitem a entrada de som externo. Mesmo assim, todas aquelas ante-salas servem para bloquear o som que vem da rua e elas estão protegidas com vidros acústicos.
O teto. Ah... o teto! São 15 placas de 7,5 toneladas cada uma!! E elas são móveis! Ou seja elas sobem ou abaixam conforme a necessidade da peça para que o som tocado seja exatamento o mesmo que o original planejado. Por exemplo: se Mozart planejou para uma sinfonia ser tocada em um palácio real que é um lugar grande, os tetos sobem, se foi planejada para um lugar pequeno o teto abaixa.
O interior é recheado de detalhes. Cada balcão é revestido com madera com relevo, não plana, para que o som possa ecoar igualmente a todos os cantos da sala. As cadeiras são planejadas para que mesmo que a sala esteja vazia e as cadeiras levantadas, as madeiras e almofadas ecoam exatamente o mesmo que acoaria se houvesse uma pessoa sentada ali. Desta forma esteja a sala lotada ou vazia, o som vai soar sempre igual.
A temperatura é exatamente 22 C. Perfeito para que o público fique a vontade, sem muito casaco que abafaria o som. O ar condicionado fica acima das placas no teto e é planejado para não fazer ruído algum. Ainda acima das placas existem cortinas de veludo que evitam que o som ecoe naquele espaço. Cada fileira é enriquecida em detalhes em suas laterais, o que possúi padrão estético e claro... ajuda a ecoar o som.
Enfim... quando você entra não precisa ser culto para saber que você está diante da perfeição... Nenhum detalhe foi por acaso... Nada foi deixado de lado... Tudo foi pensado e cada detalhe tem um propósito. Isso que eu nem mencionei os elevadores para o piano e para o coral e a iluminação perfeita.
Mas... Como isso se relaciona com Deus seu filho e seu reino? Pois bem... Se você imaginar um pouco não precisa nem que eu escreva muito pra perceber. Pra falar a verdade, deixo pra vocês o convite de irem pessoalmente visitarem e lerem mais sobre o lugar.